top of page

A disputa da prefeitura de São Paulo: atores políticos e estratégias.

  • Rodrigo Augusto Prando
  • 28 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura

A disputa pela prefeitura da cidade de São Paulo distancia-se de projetos, de apresentação de propostas, ideias ou debates civilizados. A eleição de São Paulo foi, até aqui, não sobre São Paulo e sim sobre Pablo Marçal, o candidato do nanico PRTB (aquele do famoso aerotrem de Levi Fidelix). Haveria, para mim e tantos outros, uma repetição da polarização já vivida no Brasil: Nunes (no bolsonarismo) e Boulos (no lulopetismo). Nada disso. Marçal é o personagem da vez e sua força que incomodava já assusta os adversários. Vamos, então, aos atores políticos e parte de suas estratégias, ao menos aquelas visíveis.

O atual prefeito, Ricardo Nunes, do MDB, partido tradicional, não conseguiu apresentar-se como aquele tem a força da máquina e o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro; Nunes saiu-se bem nos primeiros dois debates, sendo o alvo de todos, não perdeu a calma e apresentou as realizações de sua gestão, mas não teve uma identidade política claramente construída e comunicada aos eleitores. Guilherme Boulos (PSOL), por sua vez, com trajetória nas lutas sociais trouxe propostas, mas foi bloqueado e desestabilizado por Marçal com narrativas e acusações, como, por exemplo, ser comunista e outra, sem provas, de que é usuários de cocaína. José Luiz Datena, do PSDB, parecia uma novidade e, até, pensei, seria capaz com sua experiência de televisão conter os arroubos retóricos e agressivos de Marçal e se colocar como uma terceira via; contudo, Datena não se encontrou nos dois primeiros debates, sem propostas concretas e não foi ao último debate. Por fim, Marina Helena, do Novo, está em situação de difícil projeção, já que a direita tem Nunes e Marçal e as pautas apresentadas por Helena é, segundo dizem, a retomada de teses e valores caros ao bolsonarismo.


Quem, até aqui, tem conseguido se sobressair – inclusive no confronto direto com Marçal – é Tabata Amaral, deputada, do PSB (partido do vice-presidente, Geraldo Alckmin). Tabata tem como força motriz sua trajetória da periferia de São Paulo até seus estudos na renomada universidade de Havard. Obviamente, o foco dela é em propostas, especialmente, na área educacional e suas realizações no mandato de deputada. A candidata encarna a racionalidade e o conhecimento necessário à ação política. Há, não menos importante, o entendimento de Tábata que estas eleições têm na figura de Marçal o grande tema. Assim, Tabata – mais do que Nunes, Datena e Boulos que não foram ao último debate – tem sido a antagonista de Marçal. No debate com presença de Marçal, Helena e Tabata, esta fez provocações diretas ao afirmar que covardes não eram apenas os que não foram ao debate, mas quem foi e não respondia nenhum questionamento, no caso, Marçal.


As últimas rodadas de pesquisa apresentam a queda tanto de Boulos e de Nunes e o avanço consistente de Marçal. Tabata, neste cenário, ainda não apresenta musculatura para a ida a um potencial segundo turno, pois manteve-se discreta nas intenções de votos. Neste sentido, visualizava-se um empate triplo, dentro da margem de erro, de Boulos, Nunes e Marçal na primeira colocação. Já circulam novas pesquisas que colocam Marçal numericamente a frente dos demais candidatos, em primeiro lugar.

Eleições conjugam, a um só tempo, emoção e razão. A política, tendo como elemento nuclear o poder, colocará, novamente, as opções: conquistar o poder, tentar manter o poder, avançar no poder conquistado e nunca recuar. Veremos a quem o paulistano confiará sua prefeitura e o poder nos próximos quatro anos. Veremos.


  • Rodrigo Augusto Prando é pesquisador e professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Subscreva o blog do Observatório

Obrigado!

© 2035 by Observatório de Conjuntura Econômica. Powered and secured by Wix

  • Facebook
  • Twitter
bottom of page