Mudanças Climáticas e Agricultura
- Marina Buso Mantovam
- 17 de set. de 2024
- 2 min de leitura
As mudanças climáticas deixaram de ser uma preocupação distante e se tornaram uma crise presente que afeta diretamente a economia global. No século XXI, o impacto das mudanças no clima vai muito além dos problemas ambientais; ele representa um desafio econômico sem precedentes. Desastres “naturais”, cada vez mais frequentes e intensos, não apenas prejudicam a qualidade de vida de milhões de pessoas, mas também afetam profundamente setores como a agricultura, ameaçando a segurança alimentar e elevando os preços dos alimentos.
O aumento das temperaturas globais, as mudanças nos padrões de precipitação e a intensificação de eventos climáticos extremos, como secas e ondas de calor, estão provocando queimadas e reduzindo a produtividade do setor primário no Brasil. Este cenário afeta diretamente a produção agrícola e pecuária, pilares fundamentais da economia brasileira. Segundo a revista Exame, o agronegócio responde por mais de 18% da arrecadação de tributos do país, demonstrando ser uma fonte crucial de receita e de crescimento econômico.
No entanto, as queimadas, devido à intensificação das secas, ameaçam essa fonte de riqueza. Regiões como o Sul e o Sudeste, essenciais para a produção agrícola e a biodiversidade do país, enfrentam riscos significativos de degradação ambiental, o que impacta negativamente a produtividade agrícola e a estabilidade do clima. As queimadas não apenas destroem florestas e pastagens, mas também afetam o solo, a qualidade da água e os serviços ecossistêmicos essenciais, como a polinização, necessários para a produção de alimentos.
No Estado de São Paulo, a seca em 2024 já era uma previsão dos especialistas, mas a intensidade dos focos de queimadas surpreendeu os agricultores do interior, especialmente na divisa com o Paraná. O fogo se espalhou rapidamente pelos canaviais, afetando seriamente as cidades de Cianorte e Mandaguaçu. A falta de chuvas no período esperado atrasou o início da nova safra de soja, causando uma redução na oferta e, consequentemente, uma elevação dos preços dessa commodity.
Diante desse cenário, muitos agricultores que ainda possuem estoques de soja optaram por reter seus produtos, acreditando que o preço continuará a subir. Esta retenção cria uma espécie de "corrida" - comportamento de estoque especulativo - no mercado, gerando incerteza, volatilidade e inflação - bolha de preços - , à medida que produtores e compradores aguardam as próximas movimentações de preço. Além disso, a perda de safras e o impacto das queimadas representam prejuízo de mais de 6 bilhões no país, somente esse ano.
Em conclusão, é inegável que as mudanças climáticas se tornaram um fator determinante na economia global, impactando diretamente setores vitais como a agricultura. A intensificação dos eventos climáticos extremos, como secas e queimadas, revela a fragilidade de um sistema que depende amplamente da estabilidade ambiental para prosperar. No entanto, é preciso criticar a falta de ações concretas e coordenadas por parte da sociedade, dos governos e das grandes indústrias para mitigar esses efeitos.
Por Marina Buso Mantovam


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