top of page

O Rio Grande do Sul, sua tragédia e as fake news.

  • Rodrigo Augusto Prando
  • 25 de jun. de 2024
  • 3 min de leitura

Por Rodrigo Augusto Prando


O Brasil - e o mundo - está inexoravelmente ligado não apenas à realidade social, mas às narrativas acerca desta realidade, não raro, a um conjunto de fake news, pós-verdades, negacionismos e teorias da conspiração. E isso, infelizmente, tem se repetido nos dias correm no que tange à tragédia vivenciada pelo povo gaúcho.


Não faz muito, publiquei, em parceria com minha colega Deysi Cioccari, o livro Fake news na política (Editora Almedina - Coleção MyNews Explica), e, nesta obra, asseveramos o seguinte:

"A mídia tradicional - jornais, revistas, rádio e televisão - cai numa armadilha ao repercutir de forma indignada as fake news, pós-verdades e teorias da conspiração. Jornalistas profissionais estão, não raro, ao lado de especialistas para desmonstar, ponto por ponto, as fake news. Passam parte do tempo de um telejornal informando a partir dos pressupostos que aprenderam nas universidades: ouvem, usam senso crítico, apresentam dados, etc.. Terminam seu trabalho satisfeitos, pois acreditam que, com isso, eliminaram aquela fake news. Ledo engano. os formuladores das fake news é que estão extasiados, pois suas criações ganharam o horários nobre, invadiram o espaço da mídia tradicional, pautaram o sistema e o establishment."


O jornalista, aquele seriamente comprometido com a informação de qualidade, acaba, querendo ou não, tendo contato com a fake news e esta não é apenas uma "mentirinha", uma "outra forma de interpretar a realidade". Ela, em verdade, é criada e, hoje, disseminada numa surpreendente velocidade por conta dos algoritmos das redes sociais. É formulada com objetivos claros de trazer vantagens - econômicas ou políticas - para quem as desenvolve e prejuízos para os que são atingidos por ela. Há uma indústria bem fundamentada que tem a seu serviço os "engenheiros do caos", título do livro de Giuliano Da Empoli.


Se, de um lado, existe a produção massiva de fake news e teorias da conspiração, por exemplo; de outro, há uma corrida na tentativa da mídia, de agências checadoras e de pesquisadores em desmentir, contextualizar e apresentar os fatos concectados à realidade. temos à disposição algumas agências de checagem: Agência Lupa, Aos Fatos, Fato ou Fake e Comprova. Muitos estudiosos fazem um trabalho abnegado de apresentar a anatomia de uma fake news e como ela impacta o debate público e até mesmo o Estado Democrático de Direito. Não se pode negar que a qualidade da democracia depende, em larga medida, da qualidade da informação que o cidadão tem acesso.


Nos últimos dia, pesquisadores identificaram alguns núcleos de fake news atinentes à tragédia do sul do país: 1) o governo não faz nada para ajudar, então, civil ajuda civil; 2) o Estado é ausente, ineficiente, especialmente, o Exército; 3) disseminação de pânico econômico, com indicação de desabastecimento e, com isso, corrida aos suipermercados para estocagem de alimentos. A origem de parte dessas fake news são perfis de extrema direita que,m entre outros objetivos, querem rotular o atual governo e, ainda atacar as Forças Armadas, mormente o Exército, pois não perdoam o fato de o alto comando não ter aderido aos intentos golpistas de um cenários já conhecido e investigado.


Já não bastasse a tragédia em si, há que se dedicar tempo e energia em desmontar falsas narrativas e toda a sorte de fake news que pululam nas redes sociais e nas conversas cotidianas. Tenhamos consciência e senso crítico. Antes de assumir certezas ou compartilhar algo, questione, verifique e exerça sua cidadania.


  • Rodrigo Augusto Prando é pesquisador e professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Subscreva o blog do Observatório

Obrigado!

© 2035 by Observatório de Conjuntura Econômica. Powered and secured by Wix

  • Facebook
  • Twitter
bottom of page