Trump: antiliberalismo e incertezas
- Alexandre André Conchon
- 17 de fev.
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Por Alexandre André Conchon
Começamos 2025 com guerra tarifária, avanços da extrema-direita e muitas incertezas sobre o futuro do mundo. Juntando essas palavras-chave, chegamos a um denominador comum: Donald Trump. Símbolo da Nova Direita, do isolacionismo e do ultranacionalismo, Trump, atual presidente dos Estados Unidos, demonstra hostilidade a qualquer idealização de um mundo cooperativo, aberto e cosmopolita. Suas declarações expansionistas têm forte viés anti-imigratório e imperialista, além de buscarem romper com o livre comércio. Isso sem mencionar o infeliz e grotesco gesto de Elon Musk durante a posse do novo presidente.
No âmbito nacional, Trump, como todo populista, aposta na polarização e no discurso do “nós contra eles”, atacando instituições como o Departamento de Educação, grupos sociais como os imigrantes e adotando um tom de “vingança” contra aqueles que rotula como “traidores”.
Em relação às questões econômicas, Donald Trump busca aumentar tarifas sobre importações de países como Canadá, México, China e nações europeias, o que pode trazer consequências negativas, como alta da inflação e elevação dos juros. Sua imagem de inimigo do livre comércio não é novidade, tendo declarado em seu discurso inaugural de 2017 que “Devemos proteger as nossas fronteiras da devastação de outros países que fabricam os nossos produtos, roubam as nossas empresas e destroem os nossos empregos. A proteção levará a grande prosperidade e força”. Seus atos refletem o comportamento de um líder que rompe relações amigáveis com outros países, adotando uma postura agressiva para resolver conflitos — ou seja, agindo como um verdadeiro “valentão”. De acordo com o ex-vice-presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto, é questão de tempo até que as medidas tarifárias de Trump afetem o Brasil, principalmente nos setores de maior exportação, como minérios, celulose, carne e soja.
No que diz respeito aos conflitos internacionais, Trump adotou uma postura criminosa em relação a Gaza, expressando a intenção de assumir o controle da área. Quanto à invasão russa da Ucrânia, ele afirma querer resolver o conflito, porém seu histórico com Putin sugere uma proximidade questionável. Outras posturas de Trump mostram que seu interesse não está na cooperação democrática e amigável entre países, mantendo firme sua posição de confronto contra agências de ajuda internacional, como a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS), além de ter anunciado sanções contra o Tribunal Penal Internacional (TPI).
O projeto antiliberal de Trump representa uma ameaça não apenas nacional, mas também internacional. Suas ideias, colocadas em prática, podem gerar enormes incertezas sobre o futuro da geopolítica e das relações entre os países, além de trazer consequências extremamente negativas e danosas para a humanidade.
Alexandre André Conchon é graduando em Ciências Econômicas na Universidade Presbiteriana Mackenzie.


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