Sem movimento, sem crescimento: o custo invisível do tempo perdido no trânsito de São Paulo
- Marcelo Samos
- 10 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Por Marcelo Samos
A cidade de São Paulo pulsa com o ritmo de seus milhões de habitantes, mas esse movimento é muitas vezes travado pelo próprio fluxo urbano. Todos os dias, uma parcela significativa da população paulistana desperdiça preciosas horas em congestionamentos. O trânsito da cidade, além de uma questão logística, tornou-se um obstáculo silencioso ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar de seus cidadãos.
Esse tempo perdido tem um custo elevado, que vai muito além do desgaste físico e emocional dos motoristas. Ele compromete a produtividade de trabalhadores, onera empresas e impacta até mesmo a economia local. Mais grave ainda, a ineficiência no transporte se traduz em impactos ambientais significativos, com emissões de poluentes que sobrecarregam o meio ambiente e a saúde pública
É visível que o trânsito de São Paulo representa um obstáculo que limita o potencial de crescimento econômico. Guilherme Vianna e Carlos Eduardo Young (2015), calcularam que o desperdício de tempo nos deslocamentos diários da região metropolitana de SP gera um impacto negativo no PIB entre 1,6% e 3,2%. Com o aumento do volume diário médio das rodovias (VDM), este número hoje pode estar ainda maior.
O estresse no trânsito afeta diretamente o corpo e a mente, provocando uma série de reações físicas e mentais. Fisicamente, o estresse do trânsito prolongado pode causar sintomas como dores de cabeça, tensão muscular (especialmente no pescoço e ombros) e problemas digestivos. Do ponto de vista psicológico, o estresse no trânsito pode causar irritabilidade, ansiedade e depressão. Essas emoções podem se manifestar de várias maneiras, como explosões de raiva (chamadas de “road rage”) ou uma sensação geral de exaustão.
Falando sobre a questão ambiental, o Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Município de São Paulo (2017) mostra que os carros particulares respondem por aproximadamente 73% das emissões de gases de efeito estufa provenientes dos veículos, apesar de transportarem apenas 30% dos passageiros. Esse cenário reforça a urgência de adotar políticas de mobilidade sustentável, como o incentivo ao transporte público e o uso de veículos menos poluentes, para mitigar os danos ambientais que impactam a saúde pública e o clima local.
Conclui-se, portanto, que o trânsito em São Paulo, além de consumir tempo e paciência, impõe custos invisíveis que precisam ser mais atentamente considerados. A dependência excessiva de veículos particulares, refletida em perdas econômicas, impactos ambientais e na saúde pública, revela a urgência de reavaliar nossas escolhas de mobilidade. Esses custos, que muitas vezes ficam à margem das discussões sobre o desenvolvimento urbano, representam um obstáculo concreto para uma cidade mais eficiente e sustentável. Para que São Paulo possa crescer de forma equilibrada, é essencial que tanto o poder público quanto a sociedade priorizem soluções que reduzam esses impactos, promovendo alternativas de transporte que respeitem o meio ambiente e contribuam para uma qualidade de vida melhor para todos.
Marcelo Samos é aluno da graduação em Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.


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