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Liderança climática em ação: o Reino Unido dá um passo corajoso para um planeta melhor

  • Marcelo Samos
  • 12 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura

Por Marcelo Samos


A transição do Reino Unido para zerar suas emissões líquidas de carbono na produção de energia é um feito que transcende a mera política ambiental; é uma vitória histórica que carrega consigo um profundo simbolismo. O país que outrora foi o berço da Revolução Industrial, alimentado por uma indústria de carvão robusta e essencial para seu crescimento econômico, demonstrou ao mundo que até mesmo os sistemas energéticos mais enraizados podem ser transformados. Segundo Jakob e Steckel, no estudo The Political Economy of Coal, a força motriz por trás dessa transição foi um consenso entre diferentes grupos de tomadores de decisão. Esse alinhamento genuíno de interesses políticos, econômicos e sociais possibilitou que o Reino Unido traçasse e implementasse uma estratégia de descarbonização, usando energia renovável como pilar central. Ainda mais impressionante, o país não apenas cumpriu sua meta inicial — eliminar o uso do carvão para gerar energia até 2025 — como o fez com um ano de antecedência, em 30 de setembro de 2024. É como se a nação tivesse assumido um compromisso moral com o planeta, demonstrando que, com planejamento estratégico e vontade política, é possível alcançar o equilíbrio entre progresso econômico e responsabilidade ambiental. O resultado não é apenas um alívio para a atmosfera terrestre, mas também uma inspiração global: o futuro sustentável está deixando de ser uma promessa distante e pouco a pouco se torna uma realidade tangível.


Enquanto o Reino Unido celebra a superação de sua meta de descarbonização, é impossível ignorar que o mundo como um todo ainda está longe de replicar essa conquista. Como destacou o Secretário-Geral das Nações Unidas em recente discurso, a crise climática não é um desafio futuro, mas uma emergência presente, manifestada por enchentes devastadoras, secas prolongadas e ondas de calor insuportáveis. Os custos da inação climática já estão à nossa porta, ceifando vidas, destruindo infraestruturas críticas e prejudicando economias inteiras, particularmente em países mais vulneráveis. Além dos impactos humanitários, a hesitação em agir ameaça exacerbar desigualdades sociais e deslocar milhões de pessoas, criando crises migratórias de grande escala. Cada atraso em adotar medidas efetivas torna a recuperação mais cara e as soluções, mais limitadas. A ação climática não é apenas uma responsabilidade ética, mas uma necessidade econômica e social urgente para evitar que o futuro do planeta e de seus habitantes se torne irreversivelmente comprometido.


Com base no plano climático do Reino Unido, a descarbonização está sendo conduzida por uma abordagem multifacetada e estratégica. Um dos principais pilares dessa transição é o investimento em tecnologias de energia limpa, como fontes renováveis, energia nuclear e sistemas avançados de captura e armazenamento de carbono, que já reduziram mais de 34% das emissões de carbono do Reino Unido, e visam reduzir as emissões em até 80% em 2050. Ao mesmo tempo, o país reconheceu a necessidade de adotar soluções práticas e de curto prazo, que foi a substituição gradual do carvão pelo gás natural, uma fonte de energia mais limpa, embora ainda transitória, para reduzir as emissões de carbono enquanto a infraestrutura de energia renovável é expandida. Além disso, o governo implementou políticas voltadas para a eficiência energética, incentivando indivíduos e empresas a reduzirem seu consumo de energia por meio de campanhas educativas e suporte financeiro para iniciativas como a modernização de sistemas de aquecimento residencial. Essas medidas não apenas aceleraram a descarbonização, mas também fortaleceram a segurança energética, criaram oportunidades econômicas e protegeram os grupos mais vulneráveis dos impactos econômicos e sociais da transição climática.


A decisão do Reino Unido de eliminar a produção de energia a carvão estabelece um padrão global que ressoa além de suas fronteiras, pressionando outras nações a repensarem suas próprias trajetórias energéticas. Ao demonstrar que é possível descarbonizar com eficiência sem comprometer o crescimento econômico, o Reino Unido envia uma mensagem clara: a transição energética é viável, mesmo para economias com históricos fortemente dependentes de combustíveis fósseis. Essa liderança exerce um efeito catalisador, estimulando debates sobre políticas energéticas em países que ainda hesitam em adotar compromissos mais firmes. Contudo, para que essa pressão se transforme em ação global efetiva, é essencial uma conscientização coletiva dos tomadores de decisão. Governos, empresas e organizações internacionais devem unir esforços, compartilhando experiências, tecnologias e recursos, para elaborar e implementar planos sólidos que reduzam as emissões de carbono. Somente por meio de uma coordenação global poderemos enfrentar a crise climática de maneira eficiente e equitativa.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Hannah Ritchie (2019) - “The death of UK coal in five charts” Published online at OurWorldinData.org. Retrieved from: 'https://ourworldindata.org/death-uk-coal' [Online Resource]



  •  Marcelo Samos é aluno do curso de graduação em Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

 

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